Assembleia (francesa) vota a proibição dos pesticidas tóxicos para as abelhas

Assembleia (francesa) vota a proibição dos pesticidas tóxicos para as abelhas

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A Assembleia Nacional votou, nesta quinta-feira, a proibição de pesticidas da família dos neonicotinoides. A decisão visa proteger as abelhas, cuja vulnerabilidade a esses produtos está cientificamente comprovada desde 2012.

Aprovada contra o conselho do governo, a proibição destas substâncias pesticidas entrará em vigor em janeiro de 2016. Conduzida por Gerard Bapt e Delphine Batho, esta medida acompanha aquelas tomadas em 2013, na esfera europeia, que tinham restringido o uso de três substâncias ativas da família dos neonicotinoides. A decisão anterior tinha sido considerada insuficiente para a União Nacional de Apicultura Francesa (UNAF) que pediu, em junho de 2014, uma moratória para toda esta família de produtos neurotóxicos que desorientam as abelhas.

Os apicultores finalmente obtiveram ganho de causa neste ponto, com Gerard Bapt afirmando que a proibição abrange toda a família dos neonicotinoides. Segundo o deputado da região de Haute-Garonne, isso é para evitar que a indústria retire um produto específico e o substitua por outros produtos aparentados (primos). Entretanto, cinco outras moléculas que apresentam toxicidade aguda para os insetos continuam sendo autorizadas na França.

De sua parte, a Ministra da Ecologia, Ségolène Royal (PS), votou contra a proibição, alegando que “o quadro europeu não permite uma proibição rigorosa.” Tanto é assim que o executivo já está trabalhando com esses argumentos. A relatora Geneviève Gaillard (PS) colocou-se como desfavorável à “proibição bruta” por medo de “impedir os avanços do governo.” A UMP, é a ironia que prevalece, diante das declarações de Antoine Herth. O deputado da região do Baixo-Reno (Bas-Rhin) contrapõe, afirmando que os problemas dos apicultores são “multifatoriais” e apoia-se no caráter negativo de tal proibição para os agricultores franceses.

Três vezes menos mel do que em 1995

As discussões estão bem distantes da realidade ecológica. As pesquisas relatam uma taxa de mortalidade de abelhas preocupante – de até 30% nos EUA e 20%, em média, na Europa – parecia ser hora de agir. Evocando condições meteorológicas “catastróficas para as abelhas,” a UNAF eleva esta taxa de mortalidade para 50 e até 80% nas principais regiões produtoras do sul do país em 2014. A produção de mel, por sua vez, foi reduzida a um terço em 20 anos, para o mesmo número de colmeias. A associação Gerações Futuras endossa este avanço, mas quer “garantir que a emenda não seja revista quando passar pelo Senado.”

Um pouco de reconhecimento com relação aos nossos insetos polinizadores, que asseguram a reprodução de espécies vegetais, não seria demais. Sua ação dá origem a um terço da produção mundial de alimentos. Sem os polinizadores, não haverá mais cenouras, cebolas nem maçãs. Uma perda de mercado estimada em 153 bilhões de euros, equivalente ao PIB de Portugal. “A urgência da proibição” parecerá óbvia, à luz de “um flagelo de muitos anos”, insistiu a apropriadamente batizada Laurence Abeille [Laurence Abelha], deputada verde, ecologista, da região do Vale do Marno (Val-de-Marne).

Le Figaro: L’Assemblée vote l’interdiction de pesticides toxiques pour les abeilles [Trad. R. Peruchi]

Fonte: http://www.lefigaro.fr/sciences/2015/03/19/01008-20150319ARTFIG00417-l-assemblee-vote-l-interdiction-de-pesticides-toxiques-pour-les-abeilles.php

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