NA FRANÇA, A ASSEMBLEIA VOTA A PROIBIÇÃO DE INSETICIDAS NEONICOTINOIDES, PELAS ABELHAS.

NA FRANÇA, A ASSEMBLEIA VOTA A PROIBIÇÃO DE INSETICIDAS NEONICOTINOIDES, PELAS ABELHAS.

ABELHAS: A ASSEMBLEIA VOTA A PROIBIÇÃO DE INSETICIDAS NEONICOTINOIDES

Da redação: Jornal Le Figaro (França)

[Tradução Rosane Peruchi – 20|03|2016]

 

No contexto de segunda leitura para a Assembleia sobre o Projeto de Lei de Biodiversidade, os deputados aprovaram uma emenda que prevê a proibição desses pesticidas, acusados de ameaçar a sobrevivência das abelhas. Mas a aplicação da lei foi prorrogada para 1o de setembro de 2018.

XVM04e65e14-ecd3-11e5-ab87-bf1e54238536Estamos um passo à frente na proteção das abelhas? Através de uma alteração PS no “Projeto de Lei sobre a Biodiversidade, aceito em segunda leitura, os deputados votaram na quinta-feira à noite a proibição – sem revogação possível – dos inseticidas neonicotinoides, considerados nocivos para as abelhas. A aplicação da proibição foi, no entanto, adiada para 1o de setembro de 2018, para que os agricultores tenham tempo de encontrar alternativas.

Após intensos debates, que se prolongaram por mais de duas horas e opuseram deputados de direita e alguns socialistas à maioria, os deputados votaram, por 30 votos contra 28, a proposta do presidente da Comissão para o Desenvolvimento Sustentável, Jean-Paul Chanteguet (PS). O objetivo desse texto é “enviar um sinal forte aos grupos químicos, aos agricultores e ao executivo”, declarou. Uma regulamentação oferecerá “respostas concretas aos agricultores, confrontados com o súbito aparecimento de uma praga que poderia comprometer suas culturas”. E a lista das alternativas aos neonicotinoides será determinada com base num parecer da ANSES (Agência francesa para a segurança alimentar e sanitária). “O legislador deve assumir suas responsabilidades pela proibição de utilização dessas moléculas, permitindo ao mesmo tempo que profissionais da agricultura se adaptem”, alega o autor da medida na sua argumentação.

 

PRESSÃO DOS LOBBIES E DO EXECUTIVO

A batalha foi dura. João Paulo Chanteguet denunciou “pressões, não só por parte dos lobbies agroindustriais, mas também do executivo”. Em uma atitude pouco usual, Stéphane Le Foll enviou uma carta aos deputados na sexta-feira, pedindo que não fizessem “proibições radicais” no âmbito francês, alegando preocupação, em especial, para evitar as “distorções” de concorrência com os outros agricultores europeus. A manobra “pouco surpreendeu” Ségolène Royal. Foi o que ela explicou na quinta-feira no canal BFMTV, dizendo compreender a “preocupação” em defesa dos agricultores, mas criticando “os combates de bastidor notadamente pela manutenção dos pesticidas”. Os deputados LR e IDU, alguns dos quais têm criticado os partidários de uma proibição geral por tentar “buscar uma vitória simbólica, política, midiática”, insistiram que a medida poderá “punir” ainda mais os agricultores franceses já em crise.

Por iniciativa da França, a União Europeia restringiu alguns de seus usos em 2013, mas os neonicotinoides ainda são largamente utilizados. No entanto, os ambientalistas e muitos socialistas argumentam que centenas de estudos científicos comprovaram sua nocividade não apenas para abelhas e polinizadores silvestres, mas também para os invertebrados aquáticos e terrestres, os peixes, as aves e, consequentemente, para o ser humano. Para além da “responsabilidade” com relação às gerações futuras, invocada por vários eleitos, incluindo a relatora, a socialista Geneviève Gaillard, os defensores da proibição salientaram que os próprios agricultores pagam os “custos” desses produtos. Essas moléculas, muito mais poderosas que o DDT, “abolido”, têm um mecanismo semelhante ao da nicotina, alegou Gérard Bapt (PS), um médico de profissão, perguntando “quem aconselharia uma mulher grávida a fumar”.

300.000 COLMEIAS DESTRUÍDAS POR ANO

“Existem hoje mais de 1100 estudos que apontam contra os neonicotinoides, portanto é preciso parar com rodeios e delongas. Esses pesticidas matam as abelhas, e é preciso bani-los”, insiste Gilles Lagneau, presidente da União Nacional de Apicultura Francesa (UNAF). As associações de apicultores pedem há muito tempo a proibição total desses inseticidas. De acordo com a UNAF, esses pesticidas seriam responsáveis pela morte de 300.000 colmeias a cada ano. Também chamados de “neonics”, esses produtos tóxicos afetam o sistema nervoso dos insetos, provocando paralisia e depois a morte. São produtos de característica sistêmica, que se espalham por toda a planta, desde a seiva até o pólen. Um terço dos inseticidas vendidos no mundo são inseticidas neonics, que na França são comercializados sob as denominações Gaucho e Cruiser.

Uma alteração da relatora do texto prevendo explicitamente derrogações pontuais foi rejeitada. Parcialmente satisfeita, uma vez que ela teria preferido que a proibição valesse a partir de 2017, diante de uma mudança potencial da maioria. O ex-ministro Delphine Batho, entretanto, tuitou que “o combate não terminou”, já que o texto voltará para o Senado antes de retornar à Assembleia.

FONTE: [Journal LE FIGARO.fr]

ABEILLES : L’ASSEMBLEE VOTE L’INTERDICTION DES INSECTICIDES NEONICOTINOÏDES

Fonte: http://www.lefigaro.fr/sciences/2016/03/18/01008-20160318ARTFIG00061-abeilles-l-assemblee-vote-l-interdiction-des-insecticides-neonicotinoides.php

Atualizado em 18/03/2016 às 10:12 – publicado em 18/03/2016 às 08:57

Tradução: Rosane Peruchi

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